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#ABBVnaWTM – WTM Responsible Tourism: exemplos da América do Sul

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Foto WTM Latin America

Por Mila Fiorese – Blog Tempo Para Ajudar | Especial para a ABBV

No segundo dia da WTM Latin America o Turismo Sustentável continuou em pauta visto que estamos no Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.

Tivemos no Teatro de Conferências a apresentação de dois exemplos de negócios turísticos da América do Sul que foram premiados com o World Responsible Tourism Award da WTM. Desde 2004 esta premiação reconhece e divulga os melhores exemplos de turismo responsável em diversas categorias. Diferentemente de outras premiações, qualquer negócio relacionado ao turismo, pequeno ou grande, em qualquer local do mundo, pode se inscrever sem necessidade de passar por nenhuma seleção prévia.

Roberto Klabin, Proprietário do Refúgio Ecológico Caiman, discorreu sobre como os empresários que trabalham com vida selvagem têm a responsabilidade de manter os mais naturais possíveis os ambientes em que seus negócios estão instalados. Devido ao desconhecimento da sociedade, à falta de interesse governamental e à forte atuação política do agronegócio, muitos destes ecossistemas estão ameaçados e, por consequência, o turismo nestas regiões também.

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Foto Mila Fiorese

O Pantanal é a bacia do Rio Alto Paraguai dividido entre a planície e o planalto e tem 360 mil Km2. Para unir esforços em prol da conservação do Pantanal foi criada em 2009 a ONG SOS Pantanal que tem a missão de informar e promover o diálogo para um Pantanal sustentável.

O desejo é que o Pantanal siga o exemplo africano de Okavango Delta, em Botsuana. Okavango Delta é um ecossistema muito parecido e um exemplo de sucesso no turismo mundial. O trabalho conjunto entre governo e sociedade civil fez com que a região pudesse prosperar sem danificar o meio ambiente. Hoje existem cerca de 40 hotéis em uma região de aproximadamente 30 mil Km2.

A preocupação é que se nada for feito para proteger o Pantanal ele siga o exemplo do ocorrido no ecossistema de Everglades, na Flórida, EUA. Mais da metade do parque foi destruído nas últimas décadas, com a criação de diques e canais que secaram boa parte do Lago Okeechobee para ceder área para agricultura (produção de açúcar). Houve perda de biodiversidade e agora o governo americano pretende gastar 16 bilhões de dólares para reverter uma parte deste parque. No Pantanal uma área de 15 mil Km2 já foi “perdida” pelo desastre ambiental do Rio Taquari. Por erosão e mal-uso do solo, um dos principais rios da região rompeu suas margens e invadiu uma grande área do Pantanal deixando milhares de hectares de terra permanentemente embaixo d’água.

O Refúgio Ecológico Caiman fica em uma fazenda de 53 mil hectares na pequena cidade de Miranda, no Pantanal Sul Matogrossense. Ele desenvolve três atividades: a Pousada Caiman, criada em 2017 e a primeira operação de ecoturismo no Pantanal; a Estância Caiman, que maneja cerca de 35 mil cabeças de gado em campos de pastagem naturais e o Programa de Conservação da Natureza, que consiste em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) e no apoio a diversos projetos de pesquisa e manejo de espécies, desenvolvidos em toda a área da fazenda.

Ana García Pando, Gerente Geral da Tren Ecuador, apresentou a estratégia de responsabilidade social da empresa, que foi premiada por gerar inclusão social e redução da pobreza.

As viagens que oferecem são uma celebração da diversidade cultural do Equador. O Equador é um país multicultural com 22 etnias reconhecidas. A diversidade é apresentada aos turistas durante todas as paradas dos trens por moradores locais. O modelo de negócios é um modelo de “sócios”, onde serviços turísticos associados ao trem são fornecidos pelas comunidades locais através de pequenos empreendimentos, gerando renda para mais de 1.300 famílias. O negócio gera oportunidades para jovens, comunidades indígenas, mulheres e idosos ao dar valor (tanto emocional quanto monetário) aos seus talentos e seus patrimônios. Eles são os protagonistas para que os turistas possam conhecer a cultura local. As comunidades locais operam 23 cafés e 23 praças de artesanato dentro das estações de trens antigas que foram recuperadas. Artesões locais selecionados podem apresentar e vender seus trabalhos nestas praças. E há também a apresentação de danças e músicas tradicionais.

Tren Ecuador é uma empresa pública do governo equatoriano que foi criada com a missão de contribuir com o desenvolvimento das economias locais.

Foi muito gratificante acompanhar que o setor turístico está aos poucos se conscientizando da importância de criar negócios sustentáveis. Preservar monumentos e áreas históricas e naturais é mandatório para manutenção do turismo nestas regiões, mas, acima de tudo é nosso dever com as gerações futuras.

Mila Fiorese é autora do blog Tempo Para Ajudar e faz parte da equipe da ABBV na cobertura da WTM Latin America 2017.

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