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Como conciliar redação criativa e SEO em seu blog

BY: ABBV / 2 COMMENTS / CATEGORIES: Criação de conteúdo

Autor convidado: Rodrigo van Kampen, professor de escrita criativa*

Você sabe o que é necessário para escrever um bom texto?

Certa vez, em meu trabalho como editor, recebi um conto de ficção de máfia. O que me chamou a atenção, no entanto, foi o breve texto que acompanhava a biografia do autor: "nunca li nenhum livro do gênero que escrevo para garantir que minha ficção seja original".

Respirei fundo e comecei a ler a história de um detetive em Chicago, o ano era 1922. A fumaça espessa do cigarro impregnava o escritório antigo, quando uma linda mulher aflita aparece com um caso...

Alguém definitivamente não sabe o significado da palavra "original".

Sempre que apresento meu curso de escrita criativa, alguém aparece com essa noção de que para escrever de maneira criativa é preciso desconhecer regras, padrões e modelos. Na verdade, é o contrário, padrões libertam. Talvez nas artes plásticas o exemplo seja mais claro, de que é preciso aprender a representar a realidade para então desconstruí-la de modo inovador.

Mas vem cá, vamos cortar o blá blá blá. Eu sei que você quer mesmo são algumas dicas para melhorar o texto do seu blog. E é neste ponto mesmo que eu já vou chegar:

Ninguém é uma ilha. Estamos imersos em contextos, em cultura, em histórias. Escrever de maneira cativante é compartilhar o seu universo, ou ainda, escrever é construir pontes.

Então vamos falar de pontes

Uma ponte cria uma conexão entre dois lados, entre quem visitou o lugar e quem está na frente de um computador montando um roteiro, ou apenas sonhando com a viagem dos sonhos.

Assim como uma ponte precisa de um mínimo de engenharia para funcionar (você pode atirar tijolos à vontade sobre um rio e ainda não ter uma ponte), um bom texto tem sua estrutura básica para se manter em pé. Nossos tijolos são as palavras, e as regras gramaticais da língua portuguesa o cimento que os mantém coesos. Sabendo disso, qual a forma da sua ponte?

Deixe-me aproveitar a metáfora para explicar a lição mais básica da cartilha do tal Storytelling, um presunçoso termo em inglês que nada mais é que a arte de contar histórias (o problema do termo é que você só vai encontrar artigos explicando como usar storytelling para vender mais sabonetes, e nós sabemos que histórias são muito mais poderosas que isso).

Assim como uma ponte tem duas bases e um meio suspenso (ou começo, meio e fim), um bom texto tem três coisas: gancho, amarra e recompensa, que em inglês usamos "hook", "hold" e "payoff".

Gancho é o início do seu texto. Como se diz no truco, quem leva a primeira, leva o jogo. No primeiro parágrafo, ou até na primeira linha, está a sua chance de conquistar o seu leitor. Se no primeiro parágrafo você ainda não conseguiu enganchá-lo no texto, é provável que ele tenha um vídeo de gatinho mais divertido para olhar. Aliás, em tempos de redes sociais que mostram um "resumo" do texto, esse espaço é realmente tudo o que você tem.

"Mas Rodrigo, como eu faço isso?"

Há vários truques, mas não temos tempo para explorar todos por aqui. Um deles é começar com uma pergunta. Somos criaturinhas particularmente curiosas, e queremos saber as respostas. Outro é começar a contar uma história, assim de sopetão. Queremos saber o que acontece depois.

Amarra é o sabor do texto, o recheio de ganache que faz você pedir uma fatia a mais, sim, por favor. São pequenos ganchos espalhados pelo texto que mantém a leitura firme e forte, recompensam, geram curiosidade, criam empatia.

Você pode fazer isso com os mesmos ganchos acima. Ou, meu amigo, com um breve vocativo. Ou com metáforas, capazes de evocar sensações gostosas como uma boa música num dia chuvoso.

E por fim temos a recompensa, o final do texto. Se o começo é a parte mais importante, o final é o momento do arremate. Veja bem, todo gancho contém uma promessa: "ei, leia este texto, que você vai aprender algo/conhecer um lugar novo/descobrir um truque." No final é hora de revelar o segredo, entregar a recompensa.

Um bom final deixa o leitor com um gostinho de ter valido a pena o investimento de tempo, pode até deixá-lo pensando no assunto. Um final ruim dá a impressão de um texto cortado ao meio, uma frustraçãozinha amarga. Ah, o truque? Há diversos modos de encerrar um texto, o mais confiável é fazer uma ligação com o começo. Uma ponte, lembra? Retomar a ideia inicial, responder a pergunta, terminar a história, ou acrescentar um detalhe.

Se o começo precisa ser muito bem trabalhado para conquistar o leitor, o final é que garante os famigerados comentários e compartilhamentos.

Não deixe o SEO matar o seu texto

"Ah, mas eu vi naquele curso que o primeiro parágrafo tem que ter todas as palavras-chave e o título e..." Calma. Respira fundo, pronto.

SEO (Search Engine Optimization - técnicas para melhorar a encontrabilidade do seu blog) é importante sim. Trabalho com redação corporativa online, e o primeiro requisito de todo briefing que cai no meu e-mail é "ser encontrado pelo Google". Porém, dá para conciliar as duas coisas. Um bom texto é aquele que usa palavras simples, curiosamente aquelas que as pessoas mais buscam. Você pode usar palavras-chave nos intertítulos e contar histórias entre elas.

Acontece que o Google não utiliza somente o conteúdo do texto para determinar a posição de uma página. O número de acessos e o número de links para lá também conta pontos. Para isso você precisa de leitores, e é para eles que você deve escrever o seu texto. Além do mais, não adianta ficar tão focado nos truques para conquistar o Google, que muda os algoritmos toda hora; mais interessante estudar como conquistar pessoas, com técnicas baseadas em séculos de teia social.

Sobre o primeiro parágrafo, existe um truque ótimo, que costumo reservar aos alunos dos meus cursos, mas vou contar aqui: você pode usar um "primeiro parágrafo falso", ou uma "linha fina" com suas palavras-chave, visível mas em formatação diferente do resto do texto. O Google vai ler e achar importante, já o seu leitor não dará muita bola. 😉

Para quem está enroscado na escrita, outra boa dica é investigar o objetivo do texto. Parece óbvio, mas um texto pode ter muitas facetas. Qual é o objetivo para você? Para o seu blog? E para o seu leitor?

Eu posso estar escrevendo um artigo para ajudar o meu blog no rankeamento com determinada palavra chave, que vai me ajudar a vender tal pacote, mas também preciso incluir estas informações de um publieditorial. Tá, mas e o leitor? O que ele vai ganhar lendo o aquilo? Eu quero que o leitor fique com vontade de visitar tal lugar? Quero conversar com quem já está planejando a viagem e talvez possa aproveitar uma dica ou outra? Investigar isso vai ajudar a direcionar o texto para um caminho melhor.

Até agora falei de detalhes básicos de um bom texto (ou de storytelling, como preferir). Um pouco de estrutura, algumas dicas para um temperinho. "Hook, hold e payoff" nada mais é que a estrutura de narrativa clássica em três atos. Quanto mais você conhece, mais recursos você tem para trabalhar em cima do texto.

A prova de que o conhecimento das regras só torna um texto mais criativo é a chamada "escrita constrangida" (constrained writing), técnica de escrita, muito utilizada na poesia, que consiste em inventar regras que impedem que você vá pelo caminho mais fácil e óbvio. Por exemplo, no piema (pilish), as palavras precisam ter o número de letras correspondente à sequência do pi. Na frase abaixo cada palavra tem o número de letras correspondente ao pi (3,14159265):

Viu, o gato é sábio, autêntico na índole sagaz.

 

Quando não há regras o suficiente para deixar nosso texto mais criativo, inventamos restrições.

O que meu amigo autor lá do início do texto falhou em perceber é que sem entender como um texto funciona, tendemos ao caminho mais batido. Conhecer bem os tropos e estruturas do que você está escrevendo é como ter um mapa mais amplo, que permite desvios e atalhos.

Vou encerrar contando sobre uma outra história de máfia, esta de minha autoria. O texto da contracapa é este:

"Anos após a abertura dos portais, cucas, unhudos e sacis ainda têm dificuldades em se integrar à civilização humana. Para um lobisomem como Rhalfe, tornar-se braço de Victor Sombrera é uma das poucas opções de trabalho honesto. Dependendo de quão ampla é a sua definição de 'honesto'. Trabalho Honesto é uma novela cyberpunk em uma Campinas futurista."

 

Quando apresento o livro, muitas vezes recebo uma expressão confusa enquanto o ouvinte tenta acomodar a ideia, e o comentário: "nossa, cyberpunk folclórico? Que criativo!" Acontece que eu não inventei quase nada, eu sei exatamente de onde veio cada elemento presente no livro. Eu só agrupei algumas coisinhas.

Isso é escrever de maneira criativa. Conhecendo, juntando, misturando.


*Rodrigo van Kampen é redator publicitário e editor da Trasgorevista de fantasia e ficção científica. É professor de escrita criativa no curso Como Criar e Melhorar seu Blog Viagem, do Estúdio Sunday – que teve uma turma especial para associados da ABBV em 2017 – e criador do Curso de Storytelling: como contar histórias na internet, do site Viver da Escrita.

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ABBV é convidada a participar do Conselho Estadual de Turismo do Espírito Santo

BY: ABBV / 0 COMMENTS / CATEGORIES: Comunicação ABBV, Mercado

A Associação Brasileira Blogs de Viagem foi convidada a compor o Conselho Estadual de Turismo do Espirito Santo (CONTURES) durante o biênio 2018-2020, dividindo com a ABRAJET a cadeira destinada à Imprensa Especializada em Turismo.

O CONTURES é formado por 24 membros de diversos setores ligados direta e indiretamente à atividade do turismo no estado e, pela primeira vez, a classe de blogueiros de viagem estará representada. As duas associações se alternarão entre os cargos de titular e suplente, representando os Blogs de Viagem e os Jornalistas de Turismo nas discussões das políticas públicas do estado.

"É com grande satisfação que aceitamos o convite de compartilhar essa responsabilidade com a ABRAJET, e ficamos contentes de ver que nossos esforços coletivos e individuais de profissionalizar a atividade do blogueiro de viagem estão atingindo novas esferas", comenta Douglas Sawaki, Diretor de Relações com o Mercado da ABBV.

O reconhecimento de um órgão governamental é uma importante conquista para toda a classe e mostra os resultados de um trabalho árduo e constante pela valorização da nossa atividade. O diálogo com organizações e entidades do setor de turismo é fundamental para o desenvolvimento do mercado.

Almejamos que esse seja o primeiro passo e sirva de referência para outras secretarias estaduais e municipais de Turismo ampliarem suas iniciativas de diálogo com blogs de viagem. Abrir espaço para novas vozes também significa compreender as mudanças no cenário do turismo e no comportamento do viajante.

Agradecemos mais uma vez o convite da Secretaria de Estado de Turismo do Espírito Santo, e desejamos que esse seja um biênio produtivo e que reflita a diversidade dos meios de comunicação que já é uma realidade consolidada em nosso país.

Foto de capa: Parque Estadual da Pedra Azul (ES), por Tiago dos Reis, autor do blog Rotas Capixabas.

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ABBV anuncia nova diretoria jurídica e parceria com escritório de advocacia

BY: ABBV / 2 COMMENTS / CATEGORIES: Comunicação ABBV, Parcerias

É com enorme satisfação que a Associação Brasileira de Blogs de Viagem anuncia a entrada da associada Paula Brum como nova Diretora Jurídica da gestão 2018/2020. A nomeação foi feita com base no artigo do Estatuto da ABBV que prevê a existência de diretores auxiliares.

Paula Brum é advogada com ampla experiência em direito digital e integra o quadro de diretores com o objetivo de auxiliar com questões legais da Associação e liderar a Comissão de Ética, orientando os associados a tomarem decisões acertadas. A criação da nova Diretoria reforça o compromisso da ABBV em apoiar a profissionalização do trabalho do blogueiro de viagem em todas as frentes de atuação.

Parceria para assessoria jurídica

De forma paralela às atividades institucionais, a Diretoria firmou parceria com o escritório Brum Cerato Corbellini & Manica Advogados Associados (SC - OAB/RS 2700), que presta assessoria em Direito Digital.  O escritório passa a oferecer aos associados ABBV descontos de 5% a 35% nos honorários de consultas de assessoria jurídica e ações no âmbito profissional.

Essa é mais uma parceria que reforça a profissionalização da categoria, ao dar ao blog associado benefícios que os auxiliarão a cuidar das questões legais e éticas envolvidas em sua atividade.

Quem é associado ABBV, além de ser reconhecido como blog ético e integrar a entidade que representa os blogueiros de viagem no Brasil, tem acesso a diversos benefícios. Se você ainda não faz parte da ABBV, leia nosso F.A.Q e veja se seu blog se enquadra nos pré-requisitos e está de acordo com nosso Código de Ética. Se você compartilha de nossa filosofia e valores, associe-se já!

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Férias acessíveis: o perfil do viajante de classe média no Brasil

BY: ABBV / 0 COMMENTS / CATEGORIES: Dados do setor

Mesmo em um cenário de crise no Brasil, viagens continuam sendo a principal atividade para 77% dos brasileiros de classe média durante as férias. É o que aponta o estudo realizado pela ID Rock com a Opinion Box divulgado em junho.

Os maiores desejos dos brasileiros durante as férias são descansar (42%) e aproveitar o tempo em programas com a família (30%). O perfil desbravador de viajante que quer conhecer lugares e culturas diferentes aparece em terceiro lugar (20%).

A maior parte dos participantes da pesquisa sente que só não viaja mais por falta de dinheiro. Mas, para equilibrar o orçamento das férias, eles optam por opções de lazer acessíveis, como a procura por destinos de viagem dentro do estado onde moram (50%).

O gasto médio nas últimas férias ficou entre R$ 1.000 e R$ 2.500 para a maioria dos entrevistados. O transporte é apontado como o maior gasto da viagem, representando entre 20 a 39% do orçamento, enquanto hospedagem e alimentação aparecem em segundo lugar nas despesas, variando entre 20 a 29% do orçamento.

O pagamento à vista e o planejamento com antecedência também são parte do esforço para sair de férias sem dívidas – 23% dos entrevistados planeja a viagem com antecedência de 3 a 5 meses, e outros 26% com antecedência de 6 a 12 meses.

Apesar do crescimento da demanda por plataformas de aluguel por temporada (12%), os hotéis (28%) e pousadas (26%) ainda são as hospedagens preferidas.

Na hora de escolher o destino da viagem de férias, os sites de viagem são a segunda principal fonte de informações, atrás apenas das indicações de parentes e amigos. As avaliações feitas em redes sociais por outros viajantes são o terceiro fator de maior influência na escolha.

A pesquisa foi realizada pela ID Rock com a Opinion Box em abril de 2018, através de formulário online com 2.175 pessoas de todo o Brasil. As faixas de renda predominantes entre os participantes eram de 2 a 5 salários mínimos (70%) e 5 a 10 salários mínimos (13%).

Os dados completos da pesquisa podem ser adquiridos pelo site Pesquisas.com.br

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Consumidores querem mais experiências, menos coisas (e estão dispostos a gastar mais com viagens)

BY: Fernanda Castelo Branco / 2 COMMENTS / CATEGORIES: Dados do setor, WTM Latin America

Por Fernanda Castelo Branco | Blog Vontade de Viajar

A empresa de pesquisa Euromonitor divulgou o relatório apresentado pela executiva Marília Borges na WTM Latin America. De acordo com os dados do relatório, 37% dos latino-americanos pretendem aumentar os gastos com viagens de lazer e férias em 2018. Esta é a maior taxa de resposta em todas as regiões do mundo e está também acima da taxa de resposta global de 29%.

O ponto mais interessante da pesquisa é que a disposição em gastar mais com viagens está associada com a consolidação de um novo padrão de comportamento de consumo, que indica que as pessoas estão mais interessadas em experiências do que em coisas. A mesma pesquisa aponta, por exemplo, que 70% dos consumidores latino-americanos estão em busca de uma vida mais simples e prática.

Euromonitor - Turismo na America Latina

Busca por mais experiência de viagens e menos bens materiais

Em 2016, 36% dos consumidores globais indicaram preferir gastar seu dinheiro em experiências, em vez de bens materiais, e a expectativa é de que esse comportamento se acentue ao longo de toda a próxima década. Em todo o mundo, os gastos dos consumidores com experiências devem aumentar de USD 5,8 trilhões em 2016 para USD 8,0 trilhões em 2030, tendo em vista serviços de lazer, recreação, viagens e alimentação.

A tendência da valorização da experiência vem sendo observada nas pesquisas da Euromonitor desde a Grande Recessão de 2008/2009 e é um fenômeno verdadeiramente global, que se reflete entre todos os setores, produtos e serviços.

Euromonitor - Tendencia Experience More

Turismo com foco em experiências locais e autênticas

No turismo, as empresas estão buscando soluções tecnológicas para oferecer ao viajante a capacidade de aproveitar ao máximo sua experiência de viagem. Mas também estão apostando na comunicação de posicionamentos de marca mais associados a estilo de vida.

Junto com a busca por experiências surgiu um movimento crescente de valorização da autenticidade. Empresas que trabalham com o apelo de experiências locais, como o Airbnb, tiveram um bom desempenho, formando com seus usuários uma relação de comunidade baseada em valores e interesses compartilhados.

Euromonitor - Turismo de experiencia

Segundo a pesquisadora Marília Borges, o hábito de priorizar experiências em vez de coisas materiais está relacionado com uma maior inclinação para marcas com as quais o consumidor sinta que consegue se engajar – no sentido de ter uma experiência vista como autêntica e customizada.

O relatório “The Consumers’ Search for Travel Experiences” apresentado na WTM Latin America 2018 também oferece uma visão geral do cenário de turismo na região, incluindo um ranking dos destinos que têm se destacado. O documento completo está disponível para download no site oficial do evento.

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Influenciadores digitais no turismo: a visão da WTM

BY: Fernanda Castelo Branco / 4 COMMENTS / CATEGORIES: Mercado, WTM Latin America

Por Fernanda Castelo Branco | Blog Vontade de Viajar

A WTM Latin America é um dos maiores eventos do setor de turismo no Brasil e recebe todos os anos centenas de blogueiros e criadores de conteúdo digital especializados em viagem. A relação das empresas do setor com esses profissionais é uma questão importante no evento, que vem adotando novos formatos para acompanhar as mudanças de cenário.

Uma das novidades da edição 2018 da WTM Latin America foi a criação de uma sala de trabalho para Digital Influencers, análoga à sala de imprensa que recebe jornalistas. Outra foi o novo modelo da sessão de Speed Networking, que até ano passado era reservada para veículos da imprensa e blogs, e este ano passou a incorporar também instagrammers e youtubers.

A equipe da ABBV entrevistou Thais Del Ben, Gerente de Marketing da WTM Latin America, para debater como iniciativas como essas impulsionam o relacionamento a longo prazo entre os players do mercado, a visibilidade das marcas e a concretização de futuros negócios.

Thais Del Ben - gerente de marketing WTM Latin America
Thais Del Ben, Gerente de Marketing da WTM Latin America - Foto: Evandro Monteiro

Como você vê o papel dos blogs atualmente e sua influência no turismo?

No mundo atual, em todos os segmentos econômicos, é inegável que o acesso à informação (muita informação) abre portas para novos comportamentos, tendências e opiniões. Abre a nossa cabeça para novas possibilidades e oportunidades. Não há como sustentar para sempre a mesma maneira de se comunicar e consumir informação com tantas mudanças acontecendo a cada segundo.

As mídias tradicionais continuam relevantes, mas se somam a outros formatos adaptados a esses novos comportamentos. Este cenário não poderia ser diferente no turismo. Pelo contrário, pelas características desta indústria, que movimenta mais de 50 setores econômicos, os blogs tem uma contribuição ao desenvolvimento do setor. Eles preenchem uma vertente do público que é aventureiro por natureza, amantes de viagens com um novo comportamento de consumo.

Além disso, por se tratar de um tema que é bem recebido por praticamente todas as comunidades com acesso à internet, os blogs de viagens tomaram proporções incríveis e uma relevância inquestionável para o setor. Os profissionais do turismo e os consumidores só têm a ganhar com o conteúdo que os blogueiros de viagens trazem.

WTM Latin America 2018 - Palestra Carolina Haro Phocuswright - ABBV
Transformação digital foi tema de diversas palestras na programação da WTM

Que movimento motivou a criação de um espaço dedicado para Digital Influencers no evento?

A WTM Latin America acompanha a movimentação do mercado e traz para os profissionais do turismo os dois lados da moeda com conteúdo transformador e participação de todos os players do mercado. Nós sempre olhamos para o influenciador como parte importante da difusão profissional de nossa indústria – e chegou o momento deste profissional ter seu espaço ampliado, com mais voz e luz.

Assim como recebemos, de braços abertos, jornalistas de veículos de diferentes mídias (rádio, TV, jornais, revistas, agências de notícias e sites), de várias editorias (economia, negócios, tecnologia, turismo e gastronomia, entre outros), e portes (veículos customizados, grande imprensa, jornais de bairro locais e regionais, veículos internacionais), recebemos os influenciadores digitais. Cada um tem o seu papel de contribuição para o setor do turismo, pois cada um atende as necessidades de um público específico, B2C e B2B.

O crescimento natural deste segmento está espelhado no crescimento do espaço que passamos a oferecer a partir desta edição. O espaço que criamos foi para atender de maneira confortável a uma demanda cada vez mais expressiva de influenciadores digitais no evento. A WTM Latin America sempre busca alternativas para trazer, não só conhecimento e negócios aos seus participantes, mas uma experiência positiva. Queremos que todos se sintam bem-vindos.

WTM Latin America 2018 - Espaco Digital Influencers
Espaço Digital Influencers sendo montado na WTM Latin America

Qual a importância da sessão de Speed Networking com mídia e bloggers na WTM? Fale também sobre a extensão para influenciadores digitais que atuam com outras plataformas (Youtubers, Instagrammers etc).

A WTM Latin America vai muito além de estandes e metro quadrado. Somos consultores de nossos clientes e abrimos as portas para oportunidades, às vezes impensáveis. Consideramos que os negócios e o ROI de uma empresa acontecem não somente entre compradores e vendedores, mas também através da exposição da marca, das relações públicas e do relacionamento com formadores de opinião.

As sessões de Speed Networking são uma oportunidade de colocar a mídia e os expositores da WTM Latin America em contato de uma maneira dinâmica, eficiente e objetiva. Depois de quatro edições no modelo “Meet The Media & Bloggers”, atendemos a demanda de trazer o Speed Networking para influenciadores digitais, não somente blogueiros, mas youtubers e instagramers também, considerando a importância e relevância das diferentes plataformas para os vários perfis de audiência.

Os influenciadores de outras plataformas atendem a um novo comportamento, a um novo nicho. Por isso, devem ser considerados nas estratégias de marketing e comunicação como forma de potencializar a divulgação do evento, bem como das marcas expositoras.

wtm meet the media 2016
Sessão Meet the Media na WTM 2016

Que recomendação você dá para marcas que querem aproveitar o potencial do relacionamento com blogueiros/influenciadores para ampliar sua presença digital?

A primeira sugestão é que as empresas que ainda não dão atenção a este importante segmento da comunicação e relacionamento entre marcas e públicos estudem e reconheçam o papel dos influenciadores no mercado e os respeitem como tal. Os consumidores recorrem a blogs, vídeos e artigos de experiências vividas pelos influenciadores para decidirem suas viagens.

As marcas e os influenciadores tem muito a ganhar, mas deve haver um relacionamento saudável e de mútuo respeito. A troca de informações, dicas e experiência vindas de um bom relacionamento entre as partes não tem preço.

Além disso, é importante que as marcas tenham muita clareza de seus objetivos ao envolver ou se aproximar dos influenciadores. Uma boa estratégia de marketing digital deve ser elaborada e estar alinhada com os valores e missão da empresa, dessa forma as marcas conseguirão ser assertivas em suas ações com os influenciadores para trazer bons resultados a longo prazo.

É preciso conhecer os públicos, saber como se quer ser visto por seus clientes, reconhecer seus pontos fracos e fortes, criar uma rotina de trabalho nas redes sociais, planejar suas atividades. A escolha dos influenciadores baseada em critérios também é algo muito importante, pois deve estar alinhado com essa mesma estratégia de marketing digital.

WTM - Blogs associados da ABBV na WTM 2017
Blogueiros associados da ABBV na WTM 2017

Que fatores você observa ao selecionar um blog como parceiro ou como convidado para um evento ou press trip?

Esta não é uma resposta simples mas, de modo geral, nós fazemos uma análise da qualidade do conteúdo apresentado pelo blogueiro e do engajamento dos usuários. O conteúdo do blog deve estar alinhado com seu produto e/ou serviço e com a estratégia de marketing das organizações que com ele se relacionam. O profissionalismo, comprometimento e seriedade do blogueiro também deve ser levado em consideração, e isso, muitas vezes, pode ser perceptível ao ler ou acompanhar um blog de viagem.

No nosso caso, esse alinhamento leva em conta toda a proposta da WTM. É uma tarefa difícil e que envolve profissionais do Brasil, nosso time de Londres e o suporte de nossa agência de Relações Públicas. Por tudo isso, a seleção dos parceiros influenciadores digitais pode se alterar de um ano para outro, a depender do perfil e necessidades dos nossos expositores e visitantes.

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Encontro de associados ABBV: palestra do YouPix e brunch no Terraço Itália

BY: ABBV / 0 COMMENTS / CATEGORIES: Comunicação ABBV

Uma palestra que relembrou as origens da internet no Brasil, muita confraternização, sorteios, um balanço dos últimos dois anos e as eleições, que apontaram o caminho para o próximo biênio. O encontro anual da ABBV, realizado em São Paulo, teve tudo isso e mais um pouco.

Pelo segundo ano consecutivo, os associados da ABBV tiveram uma vista incrível da capital paulista durante o encontro anual da Associação. Se em 2017 o Terraço Itália recebeu os blogueiros para o almoço que encerrou o primeiro Seminário da ABBV, em 2018 o encontro foi transformado em brunch, que foi realizado na manhã do dia 5 de abril, para aproveitar a grande presença de blogueiros da capital paulista, por conta da WTM Latin América.

abbv terraco italia brunch 2018
Blogueiros da ABBV no Terraço Itália, em SP

O evento começou com uma palestra da Camilla Kafino, presidente da ABBV, que falou sobre os resultados da gestão 2016 - 2018. A realização do primeiro seminário, um marco na capacitação de blogs de viagem, em 2017, foi um dos pontos de maior destaque, mas não o único: cursos online, press trips e até uma ação coletiva na justiça, em defesa de associados, foram alguns dos pontos destacados pela presidente.

Em seguida, Ícaro Chamon, gerente comercial do Malai Manso, resort que fica na Chapada dos Guimarães e que patrocinou o evento da ABBV, mostrou para os blogueiros alguns dos motivos para conhecer essa parte do Mato Grosso, a apenas 65 km de Cuiabá. Tipo as opções de entretenimento para toda a família, como tirolesa, arvorismo, paredão de escalada, arco e flecha, trilhas, boate, saunas, piscinas, entre outras. “Um dos grandes atrativos do Malai Manso é o sistema all inclusive, que evita preocupações no momento de pagar a conta", explicou Ricardo Gouveia.

malai manso
Resort Malai Manso - Foto: divulgação

Outro ponto alto da manhã foi a palestra ministrada pela Bia Granja, co-fundadora da YOUPIX, que teve o tema "Como encontrar o seu valor como criador de conteúdo digital". Foi um debate importante sobre a evolução das comunidades online e a profissionalização do mercado de criadores de conteúdo digital no Brasil.

Referência em influencer marketing, Bia relembrou as origens da internet no Brasil, das comunidades do Orkut aos primeiros blogs e youtubers, e fez reflexões sobre o momento atual e como um criador de conteúdo pode se destacar. "Se a comunicação digital é inerente a toda uma geração e a web é um repositório infinito, se todo mundo que viaja pode ter um blog de viagem, como você - seja um pequeno ou um grande produtor de conteúdo - pode se destacar e ganhar seu lugar ao sol na internet?", questionou a palestrante.

palestra abbv
Palestra de Bia Granja, fundadora do YouPix

Ainda durante o brunch foram realizadas as eleições da ABBV para o biênio 2018 - 2020, que teve candidatura de uma chapa única. Foram eleitos Natália Becattini, do blog 360meridianos, Kaio Donadelli, do blog Coisos on the go, Carlos Arruda, do blog Vida Cigana, Denise Tonin, do blog Viajante Solo, Douglas Sawaki, do blog Me Leva de Leve, Fernanda Castelo Branco, do blog Vontade de Viajar, e Marcella Buchalla Pacca, do blog Segredos de Viagem.

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ABBV participa da WTM 2018

BY: ABBV / 0 COMMENTS / CATEGORIES: Comunicação ABBV, WTM Latin America

A ABBV marcou presença na sexta edição da WTM Latin America, o mais importante evento do mercado de turismo na América Latina. A feira foi realizada em São Paulo, no Expo Center Norte, entre 3 e 5 de abril, e reuniu 600 expositores, de 50 países diferentes, e 11.963 profissionais do turismo. Como já é tradição, a ABBV foi Media Partner da WTM.

Dezenas de afiliados da Associação participaram do evento, que contou ainda com um estande exclusivo da ABBV, por onde passaram agentes de turismo, profissionais de diversas áreas e, claro, blogueiros, tantos os já associados como vários que pensavam em entrar para a Associação. O principal objetivo do estande, porém, é reforçar a importância e a influência dos blogs de viagem nas escolhas feitas pelos turistas.

Expocenter Norte
Expocenter Norte, em São Paulo

Por isso, a ABBV organizou duas palestras, ambas no Travel Tech Theatre. Na terça, às 18h15, o blogueiro Túlio Pires Bragança, autor do Aires Buenos e diretor da ABBV,  falou sobre como blogs de viagem impactam viajantes por muito tempo, dando resultados em curto, médio e até longo prazo. Na quarta, no mesmo horário, foi a vez de Rafael Sette Câmara, também parte da diretoria da ABBV e autor do blog 360meridianos. Ele falou sobre a arte de contar histórias e o poder disso no momento de escolha do viajante.

Digital Influencers’ Speed Networking

Outro destaque da WTM foi o Digital Influencers’ Speed Networking, evento que até a edição do ano passado se chamava Meet The Media & Bloggers. Essa é a oportunidade para que blogueiros virem o centro das atenções. Ali, são os profissionais do turismo que vão atrás dos veículos que mais lhe interessam, para conversas rápidas estilo "speed date".

WTM Latin America - Networking Area
Networking Area da WTM 2018

30 blogueiros e influenciadores participaram do evento, que ocorreu no segundo dia da feira, na Networking Area. Pelo menos 13 dos participantes eram associados da ABBV. "Este ano o evento foi mais divulgado para os expositores, então mais pessoas vieram nos procurar. Aumentou também o numero de pessoas realmente interessadas em fazer alguma ação com blogueiros, por isso, ainda durante a feira, eu já tinha recebido emails de contatos que fiz no Digital Influencers’ Speed Networking", conta Fernanda Scafi, do blog Tá Indo pra Onde?

Já Carlos Arruda, do blog Vida Cigana, disse que "em uma hora as diversas conversas geradas multiplicam as chances de criadores de conteúdo e expositores encontrarem mutuamente o parceiro adequado para os projetos a serem desenvolvidos ao longo do ano".

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A arte de contar histórias e seu impacto no viajante

BY: ABBV / 6 COMMENTS / CATEGORIES: Criação de conteúdo, WTM Latin America

Por Rafael Sette Câmara | Blog 360meridianos

Já que o texto é sobre contar histórias, permitam-me começá-lo com duas, sobre catacumbas e cinemas.

Você já ouviu o ditado que diz que os antepassados iluminam os caminhos dos vivos? Um fato curioso: isso teve significado literal na Paris do século 18. Naquela época, a superlotação de cemitérios causou epidemiais, que lotaram ainda mais os túmulos parisienses. A solução, encontrada pelo rei, foi desativar várias tumbas que estavam na cidade, transferindo restos mortais, acumulados durante séculos de ocupação humana, para túneis que se formavam do lado de fora de Paris, por conta do trabalho de mineradoras.

O que não se esperava era o tráfico de gordura humana - restos mortais retirados das tumbas e que não entravam em decomposição pela falta de oxigênio, foram parar em fábricas de velas. Foi assim que parisienses do século 18 carregaram velas que eram feitas com parisienses do século 17.

Tudo isso é história, a das Catacumbas de Paris, um complexo de túneis que corta a capital da França de ponta a ponta e que é, em muitas partes, um ossuário gigantesco. Um pequeno trecho das catacumbas é aberto ao público, como programa turístico, mas a maior parte é fechada - entrar ali dá multa. Mesmo assim, sociedades secretas têm usado o espaço há décadas. E foi numa galeria subterrânea das catacumbas que a policia de Paris encontrou, em 2004, uma coisa inusitada: um cinema. Sala de um cinema clandestino usado numa cidade subterrânea por uma sociedade secreta. Incrível, né? Mas é tudo verdade.

O impacto do storytelling

Fim das histórias, que estão aqui só para exemplificar. Eu dei mais detalhes sobre ambas em dois textos do 360meridianos (leia aqui e aqui), posts que serviram de inspiração para a palestra "A arte de contar histórias e seu impacto no viajante", apresentada no dia 4 de abril, no Travel Tech Theatre, durante a WTM Latin America.

Publicados há três anos, os textos têm recebido comentários constantes. "Fiquei mais curiosa em conhecer as catacumbas", escreveu uma leitora chamada Andreia. "Essa foi a história mais incrível, bizarra e absolutamente fascinante que já li sobre Paris", disse outra, chamada Alessandra. Mas é o comentário da Marina que mostra a importância que contar boas histórias tem para blogs de viagem: "Com certeza ganhou mais uma leitora!", disse ela.

Pode acreditar: é melhor ganhar leitores que dinheiro

Todo mundo que produz conteúdo para a internet sonha em ganhar dinheiro, mas antes disso é importante ganhar leitores. Para isso, dois tipos de posts acabam tendo destaque: primeiro, há os posts feitos para viralização em redes sociais. E alguns deles abusam na tentativa de ganhar o clique - ou vai falar que você nunca viu por aí textos com títulos como "10 lugares que você não pode deixar de conhecer em Londres (o sétimo é impressionante)" ou "5 lugares que você precisa conhecer antes de morrer".

A vontade de clicar é grande, mas, não sei vocês, eu quase sempre me arrependo depois de entrar em artigos assim, que parecem concentrar todos os esforços em causar o clique, mas pouco se preocupam em contar boas histórias para quem de fato entrou no texto. Uma vez lá, apenas lemos rapidamente quais são os lugares presentes nas listas, ignorando todo o resto. E depois fechamos a aba do navegador.

E há também os textos feitos para o Google e outros mecanismos de busca, focados e pensados com as melhores técnicas de SEO. Toda cidade merece um "o que fazer", "onde comer", "onde ficar", "roteiro de x dias" (e por aí vai). Não só não tenho críticas contra esse modelo, como até incentivo fortemente que blogs de viagem produzam textos pensando em SEO. Essa é a melhor forma de conseguir leitores, o truque principal para a monetização de projetos online e o passo a passo para ganhar dinheiro feito por praticamente todo mundo que vive de blogar sobre viagens - e também em outros segmentos.

Dito isso, é importante destacar o outro lado: escrever pensando nos mecanismos de busca não deve ser sinônimo de escrever só para os mecanismos de busca. Na luta irracional pelas primeiras posições do Google, há quem cometa o mesmo erro dos que fazem textos forçados para garantir cliques em redes sociais - ganhar o clique não garante ganhar o leitor.

E, não duvide, quem entrou num site vai embora rapidinho se o conteúdo publicado for ruim, pouco informativo ou escrito apenas para os robôs do Google. Equilíbrio é a palavra chave aqui, a única forma de agradar Google e atrair leitores, criando comunidades. Comunidades geram engajamento, consomem mais e levam a marca de um blog adiante.

Leitor usando tablet - Foto Daniel Canibano
Viagem e storytelling - Foto: Daniel Cañibano

Há inúmeras técnicas e formas de criar comunidades, mas o meu foco aqui é destacar a importância de contar boas histórias. Pode ser a história de sociedades secretas ou a de catacumbas. Pode ser a história da criação de pontos turísticos ou a da formação de um país. Ou histórias mais simples, de pessoas. Gente comum, mas que vive do outro lado do mundo. Ou, claro, as suas histórias: dos seus perrengues, aventuras, descansos, reflexões e momentos de lazer e descobrimento. Inclusive, essas são algumas das melhores.

Todo mundo tem uma boa história para contar, mas, na busca desequilibrada por posições no Google, histórias interessantes são desperdiçadas com o excesso de keywords. E o pior: excesso de keywords no começo dos textos. O lugar que deveria servir para chamar atenção do leitor é agora ocupado, às vezes totalmente, para chamar a atenção do Google e nada mais.

Por mais que se preocupar com o SEO em todo post seja uma boa prática, nem todo post precisa ter o SEO como foco principal, nem todo texto precisa ter como objetivo a monetização. Em outras palavras: há histórias, que por suas próprias características, geram pouquíssimas buscas no Google e não dão dinheiro. Não contá-las somente por isso é um erro. Bom posicionamento no Google traz leitores e dinheiro para um blog, boas histórias garantem a permanência deles, mesmo sem o Google. O crescimento destes textos é bem mais lento, mas acontece.

Uma pesquisa que acabamos de fazer no 360meridianos reforça essa ideia. Nela, 77% dos leitores afirmaram que preferem textos sobre crônicas de viagem, textos emocionantes e engraçados. A consequência disso é que a mesma pesquisa indicou que 48,7% dos entrevistados entram no blog toda semana, e não apenas quando precisam pesquisar no Google, para alguma viagem.

WTM Latin America 2018 - Palestra Rafael Sette Camara 360 Meridianos
Palestra do Rafael Sette Câmara na WTM

Como blogs podem ajudar empresas e marcas

Uma  pesquisa realizada pela ABBV, em 2014, mostrou que os blogs são a principal fonte de informação online usada por viajantes. E os dados são impressionantes: 70% dos leitores usam os blogs na hora de determinar o destino da próxima viagem.

Esse forte poder de influência se dá porque blogs contam histórias, muitas vezes num tom mais pessoal que a imprensa ou veículos tradicionais, por exemplo. Todo blogueiro é um contador de histórias, um gerador de conteúdo, não sendo, a princípio, um concorrente de agências de viagem, mas mesmo assim alguém que ajuda viajantes no processo de escolha e compra.

Para empresas que desejam trabalhar com blogs, o primeiro passo é perguntar: qual história minha marca precisa contar? Histórias de viagens em família, com crianças? Histórias de viagens de luxo? Mochileiras? Viagens de aventura ou urbanas? Histórias de viajantes jovens ou maduros? Para que um trabalho dê resultado, um bom primeiro passo é escolher um blog cuja voz tenha sintonia com a marca, cujo nicho seja coerente com o que se quer divulgar. Números, presença forte em redes sociais e audiência não são tudo.

Além disso, vale frisar a força que os blogs têm na construção de resultados a médio e longo prazo. Textos bem feitos, informativos e com boas histórias continuam a dar bons resultados mesmos anos após a publicação. Permanecem influenciando leitores por períodos bem mais longos do que fotos e posts em redes sociais, que são, por sua própria natureza, mais momentâneos.

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Publicado em

#ABBVnaWTM – A transformação digital no turismo

BY: Fernanda Castelo Branco / 0 COMMENTS / CATEGORIES: Dados do setor, WTM Latin America

Por Fernanda Castelo Branco | Blog Vontade de Viajar

"Não existe mais o conceito de viagem online. É apenas viagem. Online é a forma como fazemos qualquer coisa hoje em nossas vidas". A pesquisadora Carolina Haro, sócia-executiva da Phocuswright, abriu sua palestra na WTM Latin America demonstrando que as tendências de tecnologia e de comportamento do consumidor estão fortemente relacionadas.

Dos viajantes brasileiros, 86% usam a internet para reservar serviços e planejar roteiros - taxa que vem registrando crescimento acelerado com a popularização dos smartphones.

O investimento em marketing digital passou de importante a indispensável para as empresas de turismo - a começar pelo desenvolvimento de um site responsivo (funcional e agradável de usar em dispositivos mobile), que se torna peça central para o bom desempenho da marca nas pesquisas orgânicas e nas redes sociais.

A parceria com criadores de conteúdo digital também pode ser estratégica para as marcas. "Os blogs de viagem são um dos mais importantes canais de divulgação e informação no turismo hoje. Temos um dado de pesquisa da consultoria Mapie que indica que 98% dos viajantes brasileiros escutam as recomendações dos blogueiros com que se identificam", comenta a especialista.

Concentração nas reservas de hotéis

Haro apontou o movimento de concentração no mercado de reservas de hotéis: cerca de 66% das reservas acontecem via Priceline (Booking) ou Expedia. Em 2011, esses grupos respondiam por 38%. "A tendência é que os grandes grupos continuem crescendo. É preciso ter estratégia de posicionamento e se aliar a eles".

Também uma grande potência em hospedagem, o Airbnb se destaca nesse cenário pela abordagem inteligente para conquistar espaço no mercado: seu crescimento se dá através da criação de uma comunidade e da recomendação entre usuários, o que liberta a marca de competir por SEO.

Incorporação de novas tecnologias

As tendências apresentadas pela Phocuswright na WTM tornam evidente que o turismo se tornará um setor altamente orientado por dados.

"A digitalização gera registro de dados em cada etapa. Quem souber tratar esses dados para interpretar os perfis demográficos e comportamentais, e para oferecer customização dos serviços, vai ter mais sucesso em aproveitar as oportunidades. O mercado de viagem será dominado pela estatística", afirma Haro.

Ao debater temas como chat bots e realidade virtual, a pesquisadora cita Roy Amara: "Tendemos a supervalorizar o impacto de novas tecnologias no curto prazo e subestimar seus efeitos no longo prazo".

Embora suas aplicações ainda sejam incipientes no mercado, as plataformas de assistentes virtuais começam a mudar o comportamento dos usuários em relação à tecnologia, assim como a realidade virtual já mostra seu potencial para influenciar a tomada de decisão no consumo de turismo e agregar às experiências do viajante.

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