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Decidi: vou viajar | O papel dos blogs no planejamento de viagem

BY: ABBV / 21 COMMENTS / CATEGORIES: Blogueiros, Criação de conteúdo

MalaViagem

Por Marcie Grynblat Pellicano |

Decidi ir para a Europa daqui a um ano.

Sei que é pouco tempo para preparar tudo, mas vou tentar. Já comecei a comprar 100 dólares por mês no câmbio negro. E outra coisa que eu descobri é que você pode pode mandar 300 dólares por mês para um banco que esteja no seu roteiro, pedindo que eles mantenham a quantia até sua chegada. Já mandei para Lisboa, Madri e Paris. A única coisa chata é que eles pagam na moeda do país. Se sobrar dinheiro de um país para o outro, você tem que fazer câmbio, sempre perdendo alguma coisa. Mas com o limite ridículo para a compra de dólar oficial que a ditadura, quer dizer, que o governo impôs, não existe outra saída.

Bom, a passagem eu também já comecei a ver. Fui até a Casa Faro, na Avenida São Luís, e comecei a montar um roteiro. A boa notícia é que você pode comprar o ticket mais ou menos num sistema de consórcio: quer dizer, vai pagando por mês até completar o valor. Quando completar, eles lhe entregam aquele calhamaço lindo de passagens: quatro ou cinco páginas para cada escala que você fizer. E uma amiga me falou que a gente precisa tomar o maior cuidado: se o funcionário do aeroporto destacar a página errada, você pode ter muito problema. Bom, mas isso não vai acontecer comigo, não é?

 Agora preciso começar a ver os hotéis e o que eu pretendo fazer em cada uma das cidades. Vou percorrer os consulados aqui em São Paulo e pedir informação. Muitos deles são bastante organizados: fornecem guias, folhetos, mapas, etc. Outros deixam muito a desejar: a única coisa que você consegue são cópias xerox com um mínimo de informação. Mas tenho que me virar com isso. E depois gastar uma nota preta com fax e telefone para fazer as reservas. Mas a coisa pior é não saber o que me espera: por exemplo, chegar lá e encontrar um muquifo! Deus me ajude!

Mas vamos falar de coisa boa. Resolvi, e já disse pra moça da loja, que só viajo com a Varig. Minha amiga (ela de novo) falou que é o máximo. Claro que ela foi de classe econômica, mas tratada a pão-de-ló. Pra começar, uma bolsinha com escova e pasta de dente, lencinho, creminho. Um charme! Depois, bebida da boa e à vontade. Cardápio com vários pratos. E, o que eu achei o máximo, talheres de verdade! E depois do jantar, olha que incrível!, eles passam um filme! Para quem quer dormir é ruim, porque o barulho é como se você estivesse no cinema. Mas para quem quer estar acordado, é um programão. E o tempo passa sem você perceber. Minha amiga (olha ela de novo) teve que fazer escala em Casablanca, mas o meu vôo já é direto. Falei da comida na classe econômica, mas não posso deixar de mencionar o cardápio da 1a. classe: caviar à vontade e, em alguns vôos, churrasco no espeto! Como é que eles fazem, eu não sei. Mas espero que não tenha fumaça, pois já bastam as fileiras de fumantes. Tomara que eu sente longe deles!

Ah, ainda não falei de mala. Como pretendo ficar 30 dias, não vai ser pequena e vai dar um trabalhão. Quando é que vão inventar um método mais fácil de carregar mala?!

Que mais eu estou esquecendo? Sim, máquina fotográfica! Estou levando uma Kodak Instamatic e vários filmes de 100 e 500 ASA. Ainda não sei se revelo lá mesmo ou se trago os rolinhos pra revelar aqui.

Bom, até agora só falei de coisas práticas, mas tem uma questão emocional que me preocupa: a saudade que eu vou ter. Claro que vou escrever uma carta de cada país em que eu passar. Mas vou querer telefonar também. Sei que vou perder muito tempo com isso (as telefonistas demoram horas para completar uma ligação internacional) mas não vai ter jeito. Dois ou três minutos por semana, eu vou falar. E não interessa quanto custe!

Eu poderia continuar, mas acho que já deu para passar a ideia. Assim, prezado leitor, sem tirar nem pôr (rimou), era como se viajava algumas poucas décadas atrás. Uma época sem internet, com a telefonia na pré-história, a aviação internacional apenas decolando, e a indústria hoteleira ainda andando de gatinhas. Agora faça um fast forward: um mundo globalizado, aviões avançadíssimos, hotéis saindo pelo ladrão e, principalmente, todo mundo conectado. A www de fato mudou tudo. E, de quebra, criou os blogs de viagem, uma mão na roda para quem esteja pensando em se deslocar no espaço. Parafraseando uma famosa campanha publicitária, eu diria: Blog de viagens. Não saia de casa sem eles.

Foto: Dreamstime

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Marcie Grynblat Pellicano é publicitária e mora há 10 anos em Nova York, onde tem uma empresa de eventos. Desde 2009 escreve o blog Abrindo o Bico, especializado na Big Apple.

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Gente nova na casa: mais associados ABBV

BY: ABBV / 7 COMMENTS / CATEGORIES: Blogueiros

A ABBV ainda não completou três meses, mas já marca presença na história dos blogs de viagem. Por ser a primeira associação reconhecida do segmento na América Latina, sabemos que nosso caminho é longo e cheio de desafios. O mais importante para nós, no entanto, são nossos associados – blogs que acreditam no fortalecimento do mercado e que trabalham continuamente para oferecer o melhor da informação para um leitor cada vez mais exigente.

Para amparar e nutrir nosso trabalho mais gente se junta à ABBV a cada dia. Conheça os mais novos associados:

Crônicas de Viagem | Por Claudio Motta

Delícias e Paisagens | Por Tanya Volpe

Fast Pass Viagem | Por Maria do Carmo Veras

Sol de Barcelona | Por Cristina Rosa

Vambora | Por Guta Cunha

Vou Contigo | Por Átila Ximenes

Aproveite para conhecer esses blogueiros e compartilhar o trabalho dedicado de cada um deles! E você, o que está esperando? Associe-se já e entre para a única associação brasileira regida por um estatuto social e código de ética direcionados aos blogs de viagens!

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Blogs de viagem: como evitar clichês e escrever melhor

BY: ABBV / 46 COMMENTS / CATEGORIES: Criação de conteúdo

 

Por Sílvia Oliveira

Não sou especialista em nada. Nunca consegui memorizar as regras do hífen. Tenho enorme dificuldade com crase e, de vez em quando, até derrapo em uma ou outra regrinha ortográfica. O debate aqui é mais amplo. Estamos falando da banalização ou do uso exagerado de certos termos nos textos de quem escreve sobre viagem.

Entendo que existem lugares tão improváveis e difíceis de apresentar que só nos resta  chamar alguns destinos de “surreal”. O detalhe é que você não foi o único a pensar neste adjetivo e o mundo passou a ser “surreal” do Atacama ao riozinho que passa no fundo da minha casa.

Se você já postou sobre Foz do Iguaçu não deve ter resistido ao “maior espetáculo da natureza”. Já de cima da Torre Eiffel ou de qualquer barranco com mais de um metro de altura todo mundo tem “uma vista de tirar o fôlego”.

Ao abrir um blog, seja lá sobre qual tema for, você deve saber que redigir é um exercício complexo. Demanda tempo, conhecimento gramatical, cultura geral e, principalmente, bom senso. Colocar adsense e dar Ctrl C + Ctrl V não é bem o trabalho do blogueiro que pretende se profissionalizar.

Muitos recorrem às frases prontas porque o clichê é um ser de natureza fácil. Bonitinho, mas ordinário como diriam os adeptos dos trocadilhos infames. O clichê parece um raio de inspiração divina. É só fechar os olhos que o “de comer de joelhos” aparece na tela do seu computador. Já percebeu que não existe mais comida ruim neste mundo, tudo agora é “de comer de joelhos”? Pastel, tapioca, buchada de bode, pudim, jiló...

Sem contar o “ótima pedida”. Descer rio em cima de boia é sempre “uma ótima pedida”. Pra quem?  pergunto.  Eu ainda prefiro o singelo “legal” ou o tradicional “bacana” para dizer que a sugestão vale a pena. Na verdade o terror já começa no perfil do blogueiro: “viajante apaixonado e psicólogo nas horas vagas” ou “viajante apaixonada e professora nas horas vagas” ou “viajante apaixonado e engenheiro nas horas vagas”. Em resumo, todo mundo vive na estrada e só trabalha de vez em quando.

E quando a gente resolve abraçar alguns títulos cafonas e passa a chamar Roma de “Cidade Eterna” e Curitiba de “Capital Ecológica”? Já reparou que todo Mercado Municipal tem uma enorme diversidade de “cores, aromas e sabores”? Aliás, deste último já fui partidária durante muito tempo.

O “despir-se de preconceitos” sempre aparece naquele passeio antropológico que você, na verdade, odiou – mas não tem coragem de dizer. E, portanto, acaba se agarrando ao clichê mais brega de todos os tempos.

3 dicas básicas para melhorar seu texto

Escreva como se você estivesse conversando

Não me parece provável que você responda: “nossa, um espetáculo da natureza”, quando alguém pergunta o que achou sobre aquele destino. É bem razoável que saia um “maravilhoso”, “inesquecível”, “sensacional”: são adjetivos mais honestos, pessoais e cotidianos.

Comece pelo mais importante, não pelo óbvio

Abrir seu texto sobre Ouro Preto dizendo “Fundada no século 18, a antiga Vila Rica...” — pronto, perdeu o leitor. Experimente fazer o primeiro parágrafo do seu post com alguma experiência, opinião ou impressão particular. Dados históricos e geográficos são importantes, mas amolam menos se forem encaixados lá pelo meio do artigo.

Equilibre o tamanho do seu post

Se sua história é muito comprida seria mais interessante dividir o texto em alguns capítulos ou série. Quanto mais longo for o artigo, mais confuso, cansativo —  e cheio de clichês — ele corre o risco de ficar.

O discurso do blogueiro ganhou espaço porque se trata de uma conversa ao pé do ouvido, é o leitor conversando diretamente com o dono do negócio — sem atravessadores. Faça valer seu posto-patrão e cuide do seu blog como se ele fosse sua empresa.

Imagem: JeShoots

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