Publicado em

“Autenticidade é a chave” – Entrevista com Rodrigo Soriano, da Airfluencers

BY: Fernanda Castelo Branco2 COMMENTS CATEGORY: Criação de conteúdo, Mercado

Enquanto o mercado de influencer marketing passa por um processo de amadurecimento, os criadores de conteúdo se veem diante do desafio de se destacar (e manter a saúde mental) em um cenário de saturação, com muita oferta de informação e muito ruído em praticamente todas as plataformas e redes sociais. Convidamos o CEO da Airfluencers, Rodrigo Soriano, para uma conversa sobre campanhas, engajamento e estratégia.

A Airfluencers é uma ferramenta de referência entre agências de marketing e empresas de segmentos já habituados a trabalhar com influenciadores. Na frente da tecnologia, as empresas buscam os softwares da Airfluencers para mapear influenciadores e mensurar ações realizadas com eles. Na frente de serviços, as demandas são focadas na operação das campanhas, onde o trabalho com microinfluenciadores é bem requisitado.

1) Vocês recebem muitos briefings de empresas e agências que estão elaborando ações com influenciadores digitais. O que eles têm avaliado quando procuram influenciadores e como um influenciador pode se destacar?

Do ponto de vista prático, é importante ter perfis completos nas redes sociais, com informações claras sobre o que faz, de onde é e quais suas especialidades, além de usar termos e hashtags que ajudem a encontrar seu conteúdo facilmente ao fazer uma busca sobre aquele nicho. Mas o grande fator que pesa na avaliação é sempre a autenticidade e a qualidade do conteúdo.

O foco de todo creator precisa ser em ser autêntico, produzir conteúdo que tenha personalidade e seja relevante para o público, sempre com boa qualidade visual e editorial. Qualidade é essencial.

2) Há diversas teorias sobre engajamento no Instagram, incluindo preferência de cores, horários de pico, combinações de hashtags etc. Pela experiência da Airfluencers nesse mercado, o que de fato funciona? Quais são as recomendações para conquistar mais engajamento?

Primeiro, é preciso reconhecer o seu público, falar para ele, criando conteúdo de qualidade. Se a pessoa se dedica a falar de ativismo, é importante trazer referências de fontes, pessoas inspiradoras. Se produz vídeos, é importante a qualidade de imagem e som. É interessante trazer novidades, falar de assuntos que ainda não estão sendo abordados, ou até trazer um ponto de vista ainda não trabalhado pela maioria. Isso resulta em originalidade, personalidade e estimula conversas em torno do seu perfil ou canal.

Também são importantes a frequência e compromisso com os seguidores – caso se proponha a fazer publicações em um dia específico da semana, cumpra!

3) A Airfluencers tem uma funcionalidade que permite ver se um determinado post performou acima ou abaixo da média dos últimos 90 dias daquele perfil. Há algum tipo de padrão com relação aos publieditoriais? O público tende a rejeitar inserções publicitárias ou tem recebido bem conteúdos apoiados por marcas?

Os publieditoriais devem, sem dúvida, ser sinalizados, tanto para observar a legislação quanto para ter transparência com o público. Entretanto, os posts com essa marcação tendem a ter performance um pouco abaixo dos orgânicos, o que faz com que se crie uma dicotomia entre autenticidade e performance.

Em algumas comunidades, é possível notar que os seguidores valorizam as marcas que apoiam o criador de conteúdo que eles gostam. Isso é algo fantástico e que só se constrói com transparência e alinhamento de valores entre marca, creator e público. É nesse contexto que a escolha correta do influenciador é fundamental para o sucesso.

4) Quais são as melhores práticas para que uma campanha seja bem elaborada e um conteúdo publieditorial seja bem recebido pelo público?

Existem alguns fatores de relevância. O primeiro é definir o objetivo da campanha (vendas ou awareness por exemplo), depois entender os territórios do anunciante e aí sim fazer uma curadoria rigorosa dentro de pessoas que são influentes nesses territórios. A autenticidade e a performance são derivadas dessa curadoria.

Da mesma forma, o briefing de conteúdo feito pela empresa deve respeitar ao máximo a liberdade criativa de cada perfil. Este é um ponto-chave para a aceitação: se o post for autêntico, sem dúvida será melhor recebido.

O influenciador, por sua vez, quando se fecha a parceria com a empresa, deve estudar o produto e inseri-lo no dia a dia, como parte da sua rotina, para que a exposição do produto aconteça de forma contextualizada e possa oferecer experiência e conteúdo de valor para o consumidor. Ele deve manter a linguagem, a qualidade e o padrão de relevância dos demais conteúdos que costuma criar.

5) Viagem é um tema que faz parte de diversos estilos de vida, e é abordado por diversos tipos de influenciadores. Que diferenciais podem ser notados em perfis especificamente voltado para o tema de turismo?

O segmento de viagem é bem interessante de se observar, pois este tema tem muitas pessoas incríveis e muita fraude. É nesse contexto que a escolha correta do influenciador é fundamental para o sucesso. De forma geral, os influenciadores especializados em turismo estudam e se aprofundam no assunto, tendo bastante atuação na troca de informações e atendendo às perguntas do público.

Podemos observar também algumas divisões no segmento, com nichos específicos – como creators com foco em turismo gastronômico, outros engajados em incentivar o turismo local, avaliações de hotéis e assim por diante. É um mercado extenso e com muita capilaridade. Outro destaque é a possibilidade de trabalhar em um mercado onde a parte de imagens e qualidade gráfica é bem forte, é um tema com muito apelo visual.

6) A Airfluencers tem um sistema de análise dos temas com que cada perfil tem afinidade, mas influenciadores de viagem tendem a trabalhar principalmente com marcas específicas do mercado de turismo. Como eles podem identificar oportunidades com parcerias não endêmicas? Marcas de um determinado nicho podem se interessar por influenciadores que abordam um tema ocasionalmente?

Um grande salto de performance e, principalmente, de criatividade do trabalho com marketing de influência é reconhecer um perfil com tema secundário que pode se relacionar com a marca. Por exemplo, o influenciador digital de turismo pode performar bem também em gastronomia. Logo se pode colocar em conexão, porque além de demonstrar o destino turístico, pode falar sobre a comida típica, os restaurantes regionais.

Outro exemplo são pessoas que abordam ecoturismo e demonstram um bom desempenho ao falar também de reciclagem ou artigos sustentáveis. Para empresas que estão ganhando o mercado com ações sustentáveis e oferecem artigos ecologicamente correto, é interessante trabalhar com influenciadores digitais de turismo que abordam a relação com a natureza.

Portanto, é muito importante a análise dos influenciadores buscando entender seu comportamento, para reconhecer outros discursos que a audiência recebe bem e interage com o influenciador digital. Na plataforma Airfluencers utilizada pelas empresas e agências, é possível ver que alguns assuntos são abordados com mais frequência pelo influenciador e qual o nível de engajamento que ele obtém com cada tema. O aplicativo que lançaremos em breve para influenciadores terá uma funcionalidade similar.

7) Estamos diante de um cenário de saturação de conteúdo online, em que não é fácil se diferenciar e conquistar relevância. Como os influenciadores podem navegar esse mercado sem perder o foco?

Cada influenciador deve avaliar seus pontos fortes, entender que público quer atingir e em qual nicho quer atuar. Isso determina qual o tema será predominante nas publicações e em que assuntos ele precisa se tornar especialista – o que é importante para criar conteúdo com relevância. Assim, a estratégia de conteúdo e as prioridades ficam mais claras.

É preciso trazer um ponto de vista interessante e produzir conteúdo frequente de qualidade, as pessoas devem perceber valor no conteúdo compartilhado. Por que elas ficarão ansiosas para segui-lo?

Também é interessante escolher duas ou três plataformas em que você poderá atuar de forma mais consistente. Essa escolha deve ser de acordo com o formato de conteúdo que você conseguirá criar de forma mais natural, e com maior qualidade. A partir daí, é importante se colocar como um membro ativo da comunidade daquela rede – conversar, trocar comentários, interagir com outras pessoas e marcas no seu setor, participar de grupos. Tudo isso aumenta a sua compreensão do segmento e a sua relevância.

Entrevista e edição:
Fernanda Castelo Branco, autora do blog Vontade de Viajar e Diretora de Comunicação da ABBV.

Leia também:

Publicado em Criação de conteúdo, Mercado Tags , , ,

2 COMMENTS

Manu - posted on 06/10/2019 23:26
Reply

Adorei o post, bem informativo! Obrigada!

ABBV - posted on 07/10/2019 16:08

Obrigado pelo comentário, Manu! Consideramos muito importante o diálogo com profissionais do mercado 😉

Deixe um comentário para Manu Cancelar resposta