Por Fernanda Castelo Branco | Blog Vontade de Viajar
A empresa de pesquisa Euromonitor divulgou o relatório apresentado pela executiva Marília Borges na WTM Latin America. De acordo com os dados do relatório, 37% dos latino-americanos pretendem aumentar os gastos com viagens de lazer e férias em 2018. Esta é a maior taxa de resposta em todas as regiões do mundo e está também acima da taxa de resposta global de 29%.
O ponto mais interessante da pesquisa é que a disposição em gastar mais com viagens está associada com a consolidação de um novo padrão de comportamento de consumo, que indica que as pessoas estão mais interessadas em experiências do que em coisas. A mesma pesquisa aponta, por exemplo, que 70% dos consumidores latino-americanos estão em busca de uma vida mais simples e prática.
Em 2016, 36% dos consumidores globais indicaram preferir gastar seu dinheiro em experiências, em vez de bens materiais, e a expectativa é de que esse comportamento se acentue ao longo de toda a próxima década. Em todo o mundo, os gastos dos consumidores com experiências devem aumentar de USD 5,8 trilhões em 2016 para USD 8,0 trilhões em 2030, tendo em vista serviços de lazer, recreação, viagens e alimentação.
A tendência da valorização da experiência vem sendo observada nas pesquisas da Euromonitor desde a Grande Recessão de 2008/2009 e é um fenômeno verdadeiramente global, que se reflete entre todos os setores, produtos e serviços.
No turismo, as empresas estão buscando soluções tecnológicas para oferecer ao viajante a capacidade de aproveitar ao máximo sua experiência de viagem. Mas também estão apostando na comunicação de posicionamentos de marca mais associados a estilo de vida.
Junto com a busca por experiências surgiu um movimento crescente de valorização da autenticidade. Empresas que trabalham com o apelo de experiências locais, como o Airbnb, tiveram um bom desempenho, formando com seus usuários uma relação de comunidade baseada em valores e interesses compartilhados.
Segundo a pesquisadora Marília Borges, o hábito de priorizar experiências em vez de coisas materiais está relacionado com uma maior inclinação para marcas com as quais o consumidor sinta que consegue se engajar – no sentido de ter uma experiência vista como autêntica e customizada.
O relatório “The Consumers’ Search for Travel Experiences” apresentado na WTM Latin America 2018 também oferece uma visão geral do cenário de turismo na região, incluindo um ranking dos destinos que têm se destacado. O documento completo está disponível para download no site oficial do evento.
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A WTM Latin America é um dos maiores eventos do setor de turismo no Brasil e recebe todos os anos centenas de blogueiros e criadores de conteúdo digital especializados em viagem. A relação das empresas do setor com esses profissionais é uma questão importante no evento, que vem adotando novos formatos para acompanhar as mudanças de cenário.
Uma das novidades da edição 2018 da WTM Latin America foi a criação de uma sala de trabalho para Digital Influencers, análoga à sala de imprensa que recebe jornalistas. Outra foi o novo modelo da sessão de Speed Networking, que até ano passado era reservada para veículos da imprensa e blogs, e este ano passou a incorporar também instagrammers e youtubers.
A equipe da ABBV entrevistou Thais Del Ben, Gerente de Marketing da WTM Latin America, para debater como iniciativas como essas impulsionam o relacionamento a longo prazo entre os players do mercado, a visibilidade das marcas e a concretização de futuros negócios.
No mundo atual, em todos os segmentos econômicos, é inegável que o acesso à informação (muita informação) abre portas para novos comportamentos, tendências e opiniões. Abre a nossa cabeça para novas possibilidades e oportunidades. Não há como sustentar para sempre a mesma maneira de se comunicar e consumir informação com tantas mudanças acontecendo a cada segundo.
As mídias tradicionais continuam relevantes, mas se somam a outros formatos adaptados a esses novos comportamentos. Este cenário não poderia ser diferente no turismo. Pelo contrário, pelas características desta indústria, que movimenta mais de 50 setores econômicos, os blogs tem uma contribuição ao desenvolvimento do setor. Eles preenchem uma vertente do público que é aventureiro por natureza, amantes de viagens com um novo comportamento de consumo.
Além disso, por se tratar de um tema que é bem recebido por praticamente todas as comunidades com acesso à internet, os blogs de viagens tomaram proporções incríveis e uma relevância inquestionável para o setor. Os profissionais do turismo e os consumidores só têm a ganhar com o conteúdo que os blogueiros de viagens trazem.
A WTM Latin America acompanha a movimentação do mercado e traz para os profissionais do turismo os dois lados da moeda com conteúdo transformador e participação de todos os players do mercado. Nós sempre olhamos para o influenciador como parte importante da difusão profissional de nossa indústria – e chegou o momento deste profissional ter seu espaço ampliado, com mais voz e luz.
Assim como recebemos, de braços abertos, jornalistas de veículos de diferentes mídias (rádio, TV, jornais, revistas, agências de notícias e sites), de várias editorias (economia, negócios, tecnologia, turismo e gastronomia, entre outros), e portes (veículos customizados, grande imprensa, jornais de bairro locais e regionais, veículos internacionais), recebemos os influenciadores digitais. Cada um tem o seu papel de contribuição para o setor do turismo, pois cada um atende as necessidades de um público específico, B2C e B2B.
O crescimento natural deste segmento está espelhado no crescimento do espaço que passamos a oferecer a partir desta edição. O espaço que criamos foi para atender de maneira confortável a uma demanda cada vez mais expressiva de influenciadores digitais no evento. A WTM Latin America sempre busca alternativas para trazer, não só conhecimento e negócios aos seus participantes, mas uma experiência positiva. Queremos que todos se sintam bem-vindos.
A WTM Latin America vai muito além de estandes e metro quadrado. Somos consultores de nossos clientes e abrimos as portas para oportunidades, às vezes impensáveis. Consideramos que os negócios e o ROI de uma empresa acontecem não somente entre compradores e vendedores, mas também através da exposição da marca, das relações públicas e do relacionamento com formadores de opinião.
As sessões de Speed Networking são uma oportunidade de colocar a mídia e os expositores da WTM Latin America em contato de uma maneira dinâmica, eficiente e objetiva. Depois de quatro edições no modelo “Meet The Media & Bloggers”, atendemos a demanda de trazer o Speed Networking para influenciadores digitais, não somente blogueiros, mas youtubers e instagramers também, considerando a importância e relevância das diferentes plataformas para os vários perfis de audiência.
Os influenciadores de outras plataformas atendem a um novo comportamento, a um novo nicho. Por isso, devem ser considerados nas estratégias de marketing e comunicação como forma de potencializar a divulgação do evento, bem como das marcas expositoras.
A primeira sugestão é que as empresas que ainda não dão atenção a este importante segmento da comunicação e relacionamento entre marcas e públicos estudem e reconheçam o papel dos influenciadores no mercado e os respeitem como tal. Os consumidores recorrem a blogs, vídeos e artigos de experiências vividas pelos influenciadores para decidirem suas viagens.
As marcas e os influenciadores tem muito a ganhar, mas deve haver um relacionamento saudável e de mútuo respeito. A troca de informações, dicas e experiência vindas de um bom relacionamento entre as partes não tem preço.
Além disso, é importante que as marcas tenham muita clareza de seus objetivos ao envolver ou se aproximar dos influenciadores. Uma boa estratégia de marketing digital deve ser elaborada e estar alinhada com os valores e missão da empresa, dessa forma as marcas conseguirão ser assertivas em suas ações com os influenciadores para trazer bons resultados a longo prazo.
É preciso conhecer os públicos, saber como se quer ser visto por seus clientes, reconhecer seus pontos fracos e fortes, criar uma rotina de trabalho nas redes sociais, planejar suas atividades. A escolha dos influenciadores baseada em critérios também é algo muito importante, pois deve estar alinhado com essa mesma estratégia de marketing digital.
Esta não é uma resposta simples mas, de modo geral, nós fazemos uma análise da qualidade do conteúdo apresentado pelo blogueiro e do engajamento dos usuários. O conteúdo do blog deve estar alinhado com seu produto e/ou serviço e com a estratégia de marketing das organizações que com ele se relacionam. O profissionalismo, comprometimento e seriedade do blogueiro também deve ser levado em consideração, e isso, muitas vezes, pode ser perceptível ao ler ou acompanhar um blog de viagem.
No nosso caso, esse alinhamento leva em conta toda a proposta da WTM. É uma tarefa difícil e que envolve profissionais do Brasil, nosso time de Londres e o suporte de nossa agência de Relações Públicas. Por tudo isso, a seleção dos parceiros influenciadores digitais pode se alterar de um ano para outro, a depender do perfil e necessidades dos nossos expositores e visitantes.
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"Não existe mais o conceito de viagem online. É apenas viagem. Online é a forma como fazemos qualquer coisa hoje em nossas vidas". A pesquisadora Carolina Haro, sócia-executiva da Phocuswright, abriu sua palestra na WTM Latin America demonstrando que as tendências de tecnologia e de comportamento do consumidor estão fortemente relacionadas.
Dos viajantes brasileiros, 86% usam a internet para reservar serviços e planejar roteiros - taxa que vem registrando crescimento acelerado com a popularização dos smartphones.
O investimento em marketing digital passou de importante a indispensável para as empresas de turismo - a começar pelo desenvolvimento de um site responsivo (funcional e agradável de usar em dispositivos mobile), que se torna peça central para o bom desempenho da marca nas pesquisas orgânicas e nas redes sociais.
A parceria com criadores de conteúdo digital também pode ser estratégica para as marcas. "Os blogs de viagem são um dos mais importantes canais de divulgação e informação no turismo hoje. Temos um dado de pesquisa da consultoria Mapie que indica que 98% dos viajantes brasileiros escutam as recomendações dos blogueiros com que se identificam", comenta a especialista.
Haro apontou o movimento de concentração no mercado de reservas de hotéis: cerca de 66% das reservas acontecem via Priceline (Booking) ou Expedia. Em 2011, esses grupos respondiam por 38%. "A tendência é que os grandes grupos continuem crescendo. É preciso ter estratégia de posicionamento e se aliar a eles".
Também uma grande potência em hospedagem, o Airbnb se destaca nesse cenário pela abordagem inteligente para conquistar espaço no mercado: seu crescimento se dá através da criação de uma comunidade e da recomendação entre usuários, o que liberta a marca de competir por SEO.
As tendências apresentadas pela Phocuswright na WTM tornam evidente que o turismo se tornará um setor altamente orientado por dados.
"A digitalização gera registro de dados em cada etapa. Quem souber tratar esses dados para interpretar os perfis demográficos e comportamentais, e para oferecer customização dos serviços, vai ter mais sucesso em aproveitar as oportunidades. O mercado de viagem será dominado pela estatística", afirma Haro.
Ao debater temas como chat bots e realidade virtual, a pesquisadora cita Roy Amara: "Tendemos a supervalorizar o impacto de novas tecnologias no curto prazo e subestimar seus efeitos no longo prazo".
Embora suas aplicações ainda sejam incipientes no mercado, as plataformas de assistentes virtuais começam a mudar o comportamento dos usuários em relação à tecnologia, assim como a realidade virtual já mostra seu potencial para influenciar a tomada de decisão no consumo de turismo e agregar às experiências do viajante.
Leia maisPor Fernanda Castelo Branco - Blog Vontade de Viajar - | Especial para a ABBV
O turismo é uma indústria feita de nichos - são muitos os perfis de viajantes, cada um com seus hábitos de consumo e suas motivações. Enquanto o mercado brasileiro já tem olhos nos turismos de aventura, de luxo, de família, de negócios... um outro segmento começa a mostrar seu potencial: o turismo na terceira idade.
Marília Borges, pesquisadora do Euromonitor, debateu o tema em palestra na WTM Latin America, maior evento de turismo na América Latina, realizado de 4 a 6 de abril em São Paulo.
Comum na França e nos Estados Unidos, o turismo na terceira idade surge agora na América Latina como tendência que acompanha o envelhecimento populacional na região. Até 2020, o número de turistas latino americanos com mais de 50 anos terá crescido 40% em relação a 2010, chegando a quase 90 milhões.
Do ponto de vista comportamental, vemos atualmente uma resignificação do que é ser velho - não apenas pelo aumento da qualidade de vida mas também pela dinâmica social. Hoje, a classificação "a partir de 50 anos" chega a causar estranheza.
Marília destaca que, com as economias de uma vida inteira de trabalho e a maior disponibilidade de tempo, aposentados de classe média e alta têm possibilidade de viajar mais de uma vez por ano. "São um público interessante para movimentar destinos na baixa temporada - além de ter disponibilidade e aproveitar os melhores preços, preferem evitar as aglomerações e filas", comenta a pesquisadora.
Os idosos também costumam motivar que outros membros da família viajem como acompanhantes, o que torna este público ainda mais interessante.
Para destinos, atrações e serviços que querem investir no segmento, é importante observar a facilidade de
acesso e circulação, além da diversificação de atividades oferecidas - sem, no entanto, se deixar levar pelos antigos estereótipos.
Mas ainda que a pesquisa aponte que esses clientes valorizam o atendimento presencial, acredito que seja um mercado promissor também para sites e e-commerces.
O uso do Facebook chega a 90% entre usuários acima de 55 anos na América Latina, segundo dados divulgados em março pela ComScore. Eles já estão conectados e isso inevitavelmente se refletirá em mudanças no comportamento de compras online, hoje ainda dependente do auxílio de parentes mais jovens.
Os empreendedores digitais que apostarem em conteúdo direcionado e sites com recursos de acessibilidade e usabilidade facilitada verão os resultados.
Fernanda Castelo Branco é autora do blog Vontade de Viajar e faz parte da equipe da ABBV na cobertura da WTM Latin America 2017.
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Para provar que a Realidade Virtual não é só coisa de videogame, o executivo Mike Turino, diretor de vendas e parcerias da YouVisit, apresentou como o setor de turismo pode usar a tecnologia a seu favor. A palestra aconteceu no auditório Travel Tech da WTM Latin America, evento que segue até amanhã (31/3) em São Paulo.
Apontada por Mark Zuckerberg como “a plataforma mais social de todas”, a Realidade Virtual tem o dobro do potencial de engajamento de um vídeo comum e pode ser uma ferramenta poderosa para promover destinos e serviços. Antes limitada a aparelhos e óculos com aspecto de ficção científica, hoje a tecnologia já pode ser experimentada em qualquer computador, smartphones e, em breve, dentro do próprio Facebook.
Testei o dispositivo de Realidade Virtual lá mesmo na WTM, usando um smartphone Android acoplado a um headset. Fiz um passeio de barco no Alasca e dei uma volta de helicóptero sobre Manhattan – a sensação era mesmo de estar flutuando sobre Nova York! O vídeo gravado em 360º permite olhar para todos os lados, como se você realmente estivesse lá.
Para as empresas e secretarias de turismo, é uma plataforma interessante para promover o primeiro contato do público com o destino, especialmente porque a experiência de imersão favorece a retenção da memória e a criação de conexão emocional. Enquanto isso, marcas de hotéis, cruzeiros e tours estão adotando o conceito “try before you buy”, usando a Realidade Virtual como forma de demonstração ou degustação de serviços para facilitar a decisão de compra do cliente.
Outro uso com grande potencial no setor é a sobreposição de informações às cenas mostradas no dispositivo. Isso permite, por exemplo, a criação de guias de viagem interativos.
Quando questionado se a realidade Virtual fará as pessoas deixarem de viajar, Mike Turino não tem dúvidas ao responder que não: “A tecnologia não pretende substituir a experiência de viagem, mas complementá-la. Cerca de 13% dos usuários que fazem tours virtuais entram em contato solicitando informações para reservas, o que é uma excelente taxa de conversão”.
Fernanda Castelo Branco é autora do blog Vontade de Viajar e faz parte da equipe da ABBV na cobertura da WTM Latin America 2016.
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